Reforma da Previdência: insensatez do governo contra o trabalhador

Silvan: “Governo está sendo maldoso com o trabalhador ao fixar idade limite de 65 anos para se aposentar”

*Antonio Silvan Oliveira

A Reforma da Previdência, proposta pelo governo Michel Temer, é uma insensatez contra o trabalhador. Algo extremamente danoso com quem contribui todos os dias para o progresso desta nação, às vezes colocando em risco a própria vida. Como é possível imaginar um governante impor limite de idade aos 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres, para finalmente obter a tão sonhada aposentadoria?

Ao pegarmos um jovem com 20 anos, neste modelo proposto de Reforma da Previdência, terá de trabalhar 45 anos! Este exemplo pode mudar caso fique desempregado durante algum tempo. Num país onde as pessoas viram objetos descartáveis ao mercado, quando atinge os 40 anos de idade, quem vai garantir que chegará aos 65 anos ainda na ativa?

Outra maldade é cometida contra as mulheres, ao fixar 65 anos, também, como idade limite para requerer o benefício junto à Previdência. Não é novidade que a jornada de trabalho é, na maioria dos casos, tripla para o público feminino. Precisam cuidar da família, da limpeza da casa, cozinhar e ajudar o marido, ganhando o pão de cada dia no trabalho. O desgaste é grande. Foi por causa disso que o legislador, sabiamente, fixou em 60 anos o tempo para aposentadoria das mulheres e 30 anos de contribuição.

Os diversos alertas emitidos pelas entidades sindicais, propondo discussão ampla e profunda sobre assunto tão delicado, acabaram ignorados pelo governo. O objetivo do Executivo é jogar sobre as costas do trabalhador o prejuízo de o País ter mergulhado em grave crise econômica e política. Quanto aos especuladores, eles continuarão sendo premiados com uma das taxas de juros mais alta do mundo.

Outro agravante é literalmente a eliminação da aposentadoria por tempo de contribuição. Ao estabelecer idade mínima de 65 anos, o governo força o trabalhador a contribuir obrigatoriamente até essa idade, como citei no exemplo do jovem de 20 anos que entra no mercado. Caso fosse a mantida a regra atual, ele iria ficar na ativa apenas 35 anos (período de contribuição à Previdência) e aos 55 anos estaria aposentado. Pela nova proposta de Reforma, este trabalhador terá de ficar na ativa mais dez anos, quando completará 65 anos.

Percebo que o projeto do governo é para que o brasileiro não se aposente e caso chegue a obter o benefício, possa viver poucos anos. Ou seja, é para a pessoa trabalhar sem conseguir desfrutar da aposentadoria, principalmente em algumas regiões da periferia ou área rural, onde a expectativa de vida não chega a 55 ou 60 anos. Oposto de regiões nobres de grandes cidades, com expectativa de vida de 80 anos.

*Antonio Silvan Oliveira é presidente da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico) e do Sindiquímicos Guarulhos.

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