Indústria demite e bancos aumentam, cada vez mais, os lucros

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Desemprego está voltando a virar rotina no Brasil

*Antonio Silvan Oliveira

Como venho comentando neste espaço, não existe negócio mais rentável no Brasil do que atuar no mercado financeiro. O ganho é certo, em cenário de crise ou bonança. O dinheiro continuará entrando no cofre, independentemente de qualquer medida tomada pelo governo. A especulação financeira passa por cima até das famigeradas crises políticas. Nada é capaz de atingi-la.

Poucos dias atrás o banco Itaú informou que no segundo semestre deste ano teve lucro líquido de R$ 5,984 bilhões. Após pagar todas as despesas, ele ficou com quase R$ 6 bilhões no caixa. Segundo expert nesse assunto, o lucro do Itaú registrado entre abril e junho é o maior da história dessa empresa. No segundo trimestre de 2014, o lucro atingiu R$ 5,73 bilhões.

O Bradesco repetiu a dose, com lucro líquido de R$ 4,473 bilhões neste mesmo segundo semestre de 2015, após atingir R$ 4,244 bilhões nos três meses anteriores. Comparado com igual período de 2014, houve crescimento de 18,4%. Nem o espanhol Santader ficou para trás. Abocanhou lucro de R$ 1,675 bilhão nos primeiros seis meses de 2015.

Quanto aos demais setores da economia, a situação não é nada boa. A palavra demissão é a mais ouvida em diversos segmentos industriais, em menor escala aparecem férias coletivas e  redução de jornada acompanhada de diminuição no valor dos salários.

Ao contrário dos especuladores, os empregadores precisam ganhar dinheiro produzindo mercadorias. Para isso precisam contratar trabalhadores. Mas a forte recessão derrubou a níveis baixos as encomendas feitas pelo comércio. Num cenário tenebroso, com o céu da política cheio de nuvens escuras acompanhado de fortes ventos de desconfiança, o consumidor agora não vai às compras tão facilmente.

O atual cenário impõe cautela. Receber a carta de demissão é algo que pode acontecer a qualquer funcionário, independentemente do segmento industrial onde esteja trabalhando. Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Antes de entrar numa dívida, o brasileiro passou a pensar bastante. Deixou o supérfluo de lado. Nas famosas compras em supermercados não enche o carrinho rapidamente. Pesquisa, compara os preços. Leva para casa o essencial do essencial.

Numa trajetória oposta ao crescimento interno, as medidas econômicas implantadas pelo governo castigam cada vez mais a população menos favorecida. O assalariado tem o bolso barbaramente castigado. A meta é fazer o superávit primário, encher de dinheiro os cofres dos especuladores. Os únicos que jamais perdem independente do governo que ocupe o poder.

A CNTQ está preocupada com esse cenário desanimador. No oitavo mês do ano, não vejo nenhuma notícia agradável. A cada dia uma bomba estoura, e seus estilhaços atingem, na maioria das vezes, o trabalhador. Via Medidas Provisórias direitos sagrados, conquistados  por meio de lutas, são ameaçados e outros acabam retirados por um Congresso Nacional, cuja grande maioria dos parlamentares deixa em plano inferior a saúde financeira do Brasil, principalmente daqueles que contribuem com seu suor para o progresso dessa nação, tão sofrida e castigada atualmente.

*Antonio Silvan Oliveira é presidente da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico) e do Sindiquímicos Guarulhos

 

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