Entre todos os caminhos, Temer vai escolhendo o pior para o Brasil

Sergio Luiz Leite, Serginho Presidente da FEQUIMFAR e 1º secretário da Força Sindical
Sergio Luiz Leite, Serginho
Presidente da Fequimfar e
1º secretário da Força Sindical

*Sergio Luiz Leite

O governo Temer começou, goste-se ou não dessa realidade. Não adianta brigar com os fatos. Os primeiros movimentos da nova ordem apontam para uma marcha galopante sobre os direitos dos trabalhadores. Será preciso, sim, muito diálogo e negociação, mas, também, muita mobilização e pressão para corrigir o rumo adotado pelo presidente e seu principal ministro político, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Em meio às negociações em torno da reforma da Previdência Social, Padilha chamou a mídia para anunciar, despótico, que o projeto que o governo enviará ao Congresso vai estabelecer a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres puderem se aposentar.

Além de ser um gesto de profunda desconsideração com as tratativas em curso, realizadas entre as centrais sindicais e o próprio Padilha, no Palácio do Planalto, sob determinação do próprio Michel Temer, o projeto que ele diz estar pronto vai na direção do desmonte do pouco que se tem de proteção social no Brasil. É um verdadeiro acinte contra quem trabalha a vida inteira e projeta uma retirada minimamente digna. É deixar o trabalhador brasileiro, depois de 30, 35 anos de suor pessoal e contribuição em dinheiro, à sua própria sorte.

O que está posto pelo novo governo, logo ao completar 48 horas de empossado e tendo pela frente, como lembrou Temer, dois anos e quatro meses de mandato, é a dissociação com os interesses da grande maioria da sociedade.

A opção pelo desmonte da Previdência, que se estende para as iniciativas que buscam jogar a CLT para a letra morta da lei, não irá levar ao caminho que, em discursos, Temer aponta: superar a crise econômica e criar empregos.

Ao contrário, transformar os trabalhadores em adversários e, até, inimigos de seu governo, só vai isolar o presidente a pequenos redutos da elite, fazendo da passagem dele pelo Palácio do Planalto um desastre de dimensões históricas.Ao contrário, transformar os trabalhadores em adversários e, até, inimigos de seu governo, só vai isolar o presidente a pequenos redutos da elite, fazendo da passagem dele pelo Palácio do Planalto um desastre de dimensões históricas.

É mesmo isso que Temer quer? Ser visto, desde logo, como um presidente avesso aos interesses populares, compromissado com ‘os de cima’ e irresponsável com seu povo? Quem ganha com essa linha de ação, a não ser os especuladores e os rentistas?

Ainda é tempo para Temer ter atenção aos interesses populares, ouvir os trabalhadores, por meio das centrais sindicais e seus legítimos representantes, e corrigir uma rota que irá levar o país a uma divisão ainda mais profunda e a um fracasso econômico muito maior.

Temer deve escolher como quer ser visto pelos brasileiros no presente e no futuro. A consumação de ameaças como a feita por seu ministro Padilha irá colocá-lo, sem direito a volta, no pior caminho.

*Sergio Luiz Leite, Serginho, é presidente da Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo), sendo também 1º Secretário da Força Sindical e membro do Conselho Deliberativo do FAT/MTE

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