Por que a democracia ainda é um bom regime político

No Vietnã, só as manifestações favoráveis ao governo são permitidas
Na ditadura da Coreia do Norte opositores são fuzilados
A violência sexual contra a garotinha Ana Lídia, 7 anos, por filhos de poderosos em Brasília, em 1973, foi ignorada pela imprensa
Ter este disco do cantor Geraldo Vandré, na ditadura militar, era sinônimo de dor de cabeça com a polícia federal

 

 

 

 

 

 

 

 

Luís Alberto Alves/Comunicação CNTQ

Atualmente é comum passeatas exigindo o retorno dos Militares e fechamento do Congresso Nacional. Talvez por desconhecimento, muitos desconheçam a dura realidade de viver num regime ditatorial. Alguém já assistiu a algum protesto na Coréia do Norte? Como ocorre na Avenida Paulista com direito a xingar prefeito, governador e até mesmo a presidente da República Dilma Rousseff (PT)?

Por enquanto ninguém vai bater de frente com a ditadura da Coreia do Norte, porque ali é proibido ser oposição. Os críticos do governo são fuzilados ou condenados a passar décadas nos campos de trabalhos forçados, onde poucos conseguem sobreviver.

Na República Socialista do Vietnã também inexistem críticas contra os governantes. Os insatisfeitos são punidos rigorosamente. Ali prevalece a voz única do poder estabelecido. Nem mesmo os milhares de miseráveis passando fome em diversas regiões daquele país podem abrir a boca exigindo melhor tratamento. A resposta é a violência das Forças Armadas, que  na década de 1970, derrotaram os Estados Unidos.

Imagine ser preso, por que numa tarde de domingo você estava ouvindo Raul Seixas cantando “Sociedade Alternativa”? E se dentro da sua casa os policiais encontrassem o disco de vinil de Geraldo Vandré com a célebre “Pra não dizer que não falei das flores”, do famoso verso: “vem vamos simbora que esperar não é saber/ quem sabe faz hora não espera acontecer…”. Para complicar a situação, a música “Apesar de Você”, de Chico Buarque, criticando o ditador Emilio Garrastazu Médici, eram motivos suficientes para ser detido e talvez sem direito a voltar vivo.

Fazer assembleia nos sindicatos, nas décadas de 1960 e 1970, era grande exercício de jogo de cintura. Mesmo no prejuízo, não se podia criticar o presidente Costa e Silva, Médici ou Ernesto Geisel. Xingar o todo-poderoso ministro da Fazenda, Delfim Netto, de enganar os trabalhadores jamais poderia passar pela cabeça de qualquer sindicalista. Aliás, a Polícia Federal infiltrava agentes para descobrir os descontentes com a Ditadura Militar que deu o golpe de estado em 1964.

Para muitos, naquela época não existiam corruptos nem bandidos de colarinho branco. Só tinha santos no governo. Na visão dessa parcela de brasileiros, os demônios tomaram conta do Brasil nas gestões Lula e Dilma Rousseff. Errado. As empreiteiras já eram desonestas quando construíram os 14 quilômetros da ponte Rio/Niterói, onde morreram vários trabalhadores e não saiu uma linha na imprensa, por causa da censura nos jornais, revistas, rádio e televisão.

Os empreiteiros ganharam rios de dinheiro ao fazerem a hidrelétrica de Itaipu, que deixou milhares de pessoas sem casas. Quem reclamou acabou sumindo nas mãos dos agentes militares. As péssimas condições de serviço acabaram com as vidas de muitos funcionários da construção civil. Os mesmos esquemas que a Operação Lava Jato descobriu agora, já funcionava naquela época, mas sem qualquer tipo de punição.

Um dos casos mais famosos de impunidade na Ditadura Militar foi a morte da garotinha Ana Lídia, 7 anos, em 1973, violentada sexualmente por um grupo de filhinhos de papai, em Brasília, entre eles o filho do então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. A imprensa não pode publicar qualquer noticiário a respeito do assunto. Apenas suposições em poucas linhas. Programas de rádio saíram do ar, quando tentaram explicar toda a verdade. Nenhum dos acusados acabou punido. Um deles, décadas mais tarde, se candidatou a presidente do Brasil e acabou eleito.

Em 1973 e 1974, o Brasil enfrentou verdadeira epidemia de meningite com grande número de mortos. Os leitos dos hospitais eram poucos para receber tantos doentes. O Jornal Nacional exibia apenas flash sem qualquer tipo de crítica. Oposto de hoje, quando a dengue e a zika é culpa do governo federal. Os jornais, principalmente o Estadão, não publicavam nada. A revista Veja, hoje tão raivosa contra a gestão Dilma, permaneceu em silêncio.

Esses poucos exemplos mostram a importância da democracia. De retirar do poder, pelo voto, o péssimo governante que enganou os eleitores com falsas promessas. De ser possível ir às ruas em passeatas sem correr o risco de ir parar na cadeia, sofrer torturas, morrer ou desaparecer como ocorria na década de 1960 e 1970. De poder fazer assembleia de trabalhadores e defender os direitos da categoria sem ameaça de sofrer intervenção federal. Aliás, somente na democracia este site continua no ar, ao publicar este artigo e este jornalista não é preso, por colocar os pingos nos is em relação às pessoas que defendem ditadura como melhor regime político.

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