Pela terceira vez, o PMDB chega à presidência do Brasil sem passar pelas urnas

Silvan: “pela terceira vez, o PMDB chega ao governo do Brasil, sem passar pelo teste das urnas”

*Antonio Silvan Oliveira

Chegou o grande dia, tão esperado pelo PMDB, que pela terceira vez chega à presidência do Brasil (a primeira em 1985 com José Sarney, vice de Tancredo Neves; Itamar Franco, em 1992, vice de Fernando Collor de Mello), sem ter a necessidade e desafio de se submeter às urnas. Destaco que o PMDB é uma agremiação política que independente de ser extrema-esquerda, extrema-direita, centro, direita, esquerda, procura estar no governo.

O objetivo do PMDB é ficar no poder, como relembrei no início deste texto. Em 1986, na carona do Plano Cruzado, ganhou para governador em 22 Estados, só perdendo em um; fez maioria dentre 49 senadores eleitos, 487 deputados federais e maior número dos 953 deputados estaduais. Ficaram responsáveis pela elaboração da Constituição de 1988 na Assembleia Nacional Constituinte.

Com o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello em 1992, o vice Itamar Franco assumiu o comando do Brasil. Veio o Plano Real e novamente o PMDB ficou bem na foto. Agora mais uma vez, o País de brava gente, que luta, sempre, acreditando em dias melhores, vai enfrentar o governo deste partido. Não é novidade que nossa população envelheceu, a natalidade reduziu, talvez por medo das incertezas da economia, que insiste em regredir.

Não é novidade mais, por causa do avanço tecnológico, melhorou a qualidade dos alimentos industrializados, mas mesmo assim a nossa população está envelhecendo e vai precisar de política públicas que atendam decentemente essa parcela de brasileiros que tanto lutou para desfrutarmos de benefícios existentes atualmente.

É vergonhosa a condição precária em que se encontra a Saúde Pública, falta de acesso ao lazer, que na maioria das grandes cidades se resume à mesa de bilhar ou de dominó. Mesmo ganhando número considerável de medalhas nas Olímpiadas do Rio de Janeiro, o governo trata o esporte como algo de segunda categoria. Nossos jovens, impossibilitados de entrar no mercado de trabalho após os 16 anos, acabam recrutados pelo crime organizado, num terrível círculo vicioso que se repete há décadas, sem qualquer solução até agora.

Esperamos que o presidente Michel Temer, eleito por apenas 61 votos do Senado, em detrimento dos 54 milhões que escolheram a presidente Dilma Roussef, e agora perdeu o cargo; olhe com sinceridade para o restante da população. Não pode se esquecer da classe trabalhadora, que agora mais do que nunca precisa permanecer mobilizada independente das bandeiras de luta das centrais sindicais, pois são visíveis os ataques contra direitos adquiridos nas últimas décadas.

Não é novidade para mais ninguém que o presidente Michel Temer é compromissado com a classe dominante e vai procurar seguir à risca a meta de atingir os trabalhadores, por meio de desonestas reformas previdenciárias e trabalhistas. O brasileiro, daqui por diante, nunca poderá se esquecer, de que Michel Temer foi eleito por 61 pessoas, para terminar o mandato que iniciou como vice de Dilma Rousseff.

Infelizmente são parlamentares que nunca se preocuparam em melhorar a qualidade de vida população, nem de reduzir as ainda gritantes distâncias sociais e econômicas ainda preponderantes no Brasil. É lamentável ouvir de um presidente da República que os empregadores precisam dar oportunidade de trabalho a profissionais com formação universitária no Exterior, deixando em segundo plano os estudantes que concluíram seus cursos aqui no País. É um tapa na cara dos professores, que mesmo ganhando salários vergonhosos, lutam para passar o melhor aos seus alunos.

O ditado popular diz que para bom entendedor “pingo é letra”, o presidente Michel Temer já sinaliza que vai tratar a ferro e fogo a Educação, além, claro de investir furiosamente contra as conquistas trabalhistas.

Precisamos nos mobilizar mais ainda, porque os próximos meses serão de ataques contra a parcela da população, que através do seu suor, luta para o progresso desta nação. Isto não significa de nossa parte comportamento sectário. Estamos, como sempre estivemos e estaremos, abertos ao diálogo. Mas não concordaremos com retiradas de direitos para satisfazer caprichos de especuladores, interessados apenas em ganhar dinheiro, sem qualquer investimento na produção, como faz a maior parte dos empregadores interessados nos avanços deste País.

Defenderemos sempre o diálogo capital e trabalho, para que em condições adequadas todos possam desfrutar do esforço de derramar o suor pelo próximo. Continuaremos apostando numa boa distribuição de renda através de bons salários, resultados de excelentes negociações sindicais.

Ao contrário do que pensa o presidente da República, Michel Temer não existe no movimento sindical o maniqueísmo de tachar o empregador de inimigo. Lutamos, e sempre faremos isso, contra as péssimas condições do chão de fábrica, onde o trabalhador perde, através dos anos, o seu bem maior: a saúde.

Não concordamos com a precarização, imposta pela terceirização, que sempre recebeu apoio governamental. Necessitamos é da retomada do crescimento, equilíbrio das contas públicas, e fim da ciranda financeira, que só beneficia especuladores. Continuaremos resistindo em todas trincheiras de lutas.

Estamos próximos do primeiro processo eleitoral após esse vendaval que retirou de Dilma Rousseff a presidência da República. Temos lideranças sindicais e populares credenciadas que disputarão cargos no Legislativo sem interesse na visibilidade, mas na resolução de problemas. São pessoas que conquistarão seus cargos no voto da população, não escorados em apenas 61 votos de senadores, em detrimento do restante da população de 206 milhões de brasileiros.

Valorizamos o empregador que respeita os direitos dos seus funcionários. Este novo governo precisa olhar seriamente para esse importante setor da economia e não apenas se preocupando em retirar direitos.

*Antonio Silvan Oliveira é presidente do Sindiquímicos Guarulhos e da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico)

 

 

 

 

 

 

 

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