O tratamento neoliberal está prejudicando o paciente Brasil

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*Antonio Silvan Oliveira

O paciente Brasil entrou no consultório do Dr. Joaquim Levy para tratar de problemas relacionados à saúde. O médico o examinou e sugeriu tratamento de choque. Disse que teria de seguir dieta rigorosa, caso pretenda continuar de pé. O principal problema do adoentado Brasil é a família. São milhões de filhos, muitos ganhando salário mínimo, outros aposentados e grande parcela que saiu da adolescência lutando para entrar no mercado de trabalho.

O Dr. Levy teve como professora de “Medicina” a médica Margareth Thatcher, que nas décadas de 1970 e 1980, quase levou à morte a então doente, Grã-Bretanha, por causa dos fortes medicamentos receitados, deixando milhões de seus filhos sem emprego e retirando qualquer apoio que eles poderiam receber dos “tios” sindicalistas.

A essência dos remédios indicados pelo Dr. Levy ao Brasil é de bandeira “neoliberal”, mais forte do que os tradicionais tarja preta, comprado com a apresentação do RG e a receita retida. Aplicou na veia do Brasil injeção de juros, cuja solução já chegou aos 13,75% e pode subir mais. Por causa da idade, 515 anos, o “velhinho” sentiu o baque. Centenas de milhares de seus filhos começaram a perder o emprego, em vários setores da economia.

Como bom pai ficou preocupado com o efeito colateral, principalmente na queda do investimento, baixa circulação de dinheiro, queda na produção, algumas empresas sinalizando que irão reduzir salários, outras acenando com férias coletivas e demissão.

Pediu apoio ao irmão “Congresso Nacional” para ajudar na votação de Medidas Provisórias, sugeridas pelo médico Levy e parte importante do tratamento, para na visão dele, restaurar sua saúde. O Congresso, apesar do parentesco, não caiu na conversa fiada do Dr. Levy. Algumas coisas foram possíveis aceitar, outras não.

Já estamos na metade do ano, e o paciente Brasil, mesmo tomando os medicamentos indicados como “salvação da lavoura” pelo médico Levy, apresenta sérios problemas de saúde. Enfrenta dificuldade para respirar, pois a economia, no caso sua coluna cervical, não para de doer. Mesmo tomando as fortes injeções do laboratório neoliberal, o mesmo aplicado na mulher Grã-Bretanha 37 anos atrás, encontra dificuldade para ficar de pé.

Nos últimos anos estava andando rápido. Agora entrou na marcha lenta. Os batimentos cardíacos do PIB (toda produção industrial do país em 12 meses) estão fracos. O médico Levy disse que o Brasil está com gripe dupla: inflação e recessão. Só é possível obter a cura, com o paciente tomando várias injeções do laboratório neoliberal. O risco é deixar milhões de seus filhos sem emprego, empresas quebradas e grave crise social.

Meio cego e um pouco surdo, o Brasil não aceita ouvir os conselhos dos irmãos sindicalistas, preocupados com o atual rumo desse forte resfriado. Eles falaram que não era aconselhável mexer com a Previdência Social, reduzindo direitos trabalhistas conquistados há décadas. Também o aconselharam a deixar de lado as injeções do laboratório neoliberal. Por que em vez de curá-lo, cada vez mais o deixa doente. Nesta história toda, o velhinho Brasil ainda não percebeu que fazer os banqueiros ganharem mais dinheiro é uma solução trágica, pois retiram dos necessitados, em vez de investir na produção, gerando mais empregos para seus milhões de filhos.

*Antonio Silvan Oliveira é presidente da CNTQ e do Sindiquímicos Guarulhos

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