Crise econômica chega ao setor químico

Daniel: “Crise nas montadoras de automóveis e construção civil afetou alguns setores da cadeia química”

Luís Alberto Alves/Comunicação CNTQ

Imagine um helicóptero sobrevoando o mar e avisando a equipe que está na cidade sobre o avanço da tsunami. De repente alguém responde positivamente da presença desta onda gigantesca invadindo a praia. Segundo o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Daniel Ferrer, a tsunami é a crise econômica e a praia é o setor químico.

“Sem medo de errar, afirmo que o segmento   químico começou a sentir os impactos desta grave crise econômica. Quando a construção civil começou a cair no começo de 2015, a produção de tubo plástico passou a sofrer queda”, lembrou. Com o passar dos meses no ano passado, as montadoras reduziram  a quantidade de carros que eram fabricados. “Foi a vez de o setor plástico diminuir  a entrega deste tipo de material”, disse.

É nesta pegada que o segmento de tintas e vernizes também acabaram impactados. “As dificuldades financeiras de montadoras de automóveis e construção civil respigaram no setor químico”, afirmou. Produtos de borracha desceram a ladeira deste nó econômico, com redução na fabricação de pneus, visto que as montadoras diminuíram os pedidos.

“Posso afirmar também que neste bolo entra também o setor de papelão, importante no segmento de embalagens. A crise atingiu o consumo e supermercados recebem as mercadorias em caixas de papelão. Menos compra resulta na redução de pedidos às empresas de embalagens deste tipo”, explicou.

Deste vendaval só saiu no verde a fabricação de biocombustíveis. “Em 2015 o setor enfrentou poucas dificuldades e a safra de cana de açúcar registrou poucos problemas “, finalizou.

 Químicos de SP reivindicam aumento real, reposição de perdas e manutenção de cláusulas da Convenção Coletiva

No encontro do Conselho Político da Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Est. de SP), ocorrido em Praia Grande (SP), em 3 de fevereiro, ficou bem definido que a crise política e econômica brasileira não podem servir de motivo para retirada de direitos trabalhistas, nem redução de salários da categoria química e farmacêutica.

Silvan: “Crise não pode servir de motivo para retirada de direitos trabalhistas”

Segundo o presidente da Fequimfar e 1º secretário da Força Sindical Nacional, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, os dirigentes químicos dos sindicatos filiados à federação têm grande consciência política. “O desenvolvimento do Brasil não pode passar por mais aumento de juros e retiradas de direitos dos trabalhadores, mas sim por criação de mais vagas, incentivo à indústria e queda de juros na taxa Selic”, disse.

Na avaliação de Serginho, nenhum empresário investirá dinheiro num País, onde a presidente da República é ameaçada de impeachment e o presidente da Câmara dos Deputados sofre processo do STF (Supremo Tribunal Federal). “Essa novela precisa chegar ao fim”, frisou.

Quanto à campanha salarial dos trabalhadores na indústria farmacêutica (data base 1º de abril), a pré-pauta é aumento real, reposição de perdas, manutenção de todas as cláusulas sociais e econômicas, piso salarial, vale-alimentação. Na opinião do presidente da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico) e do Sindiquímicos Guarulhos, Antonio Silvan Oliveira, a atual crise não pode servir de motivo para retirada de direitos conquistados com muita luta.

Wallace: “Precisamos de juros baixos, empregos e incentivos à produção”

“Somos conscientes de que alguns setores da cadeia química, como o de transformação, acabaram prejudicados pelo péssimo desempenho da construção civil e das montadoras de automóveis em 2015. Porém é importante estarmos alertas para que o empresariado não use o argumento da crise econômica e proponham péssimo acordo, prejudicando o bolso do trabalhador”, destacou Silvan. (LAA/Comunicação CNTQ)

Distribuidoras de medicamentos faturam quase R$ 12 bilhões em 2015

 As empresas distribuidoras de medicamentos faturaram 18% a mais em 2015 na comparação com o ano anterior –um total de R$ 11,6 bilhões, segundo dados do IMS Health e da Abradilan (associação representante do segmento).

No ano passado, foram comercializadas cerca de 700 milhões de unidades de medicação em todo o País, resultado 10,5% maior que o registrado em 2014.

O número reflete o consumo das pequenas e médias redes de farmácias, atendidas pelas empresas distribuidoras de remédios –elas representam cerca de 79% de todo o mercado nacional.

Mesmo destoante do atual cenário de redução de consumo, o crescimento obtido pelo setor no ano passado ficou dentro do esperado, na avaliação de Geraldo Monteiro, executivo da Abradilan.

“Ainda que as demissões tenham aumentado, muitas pessoas no fim de 2015 estavam cobertas pelo plano de saúde das empresas. Apesar de ser de primeira necessidade, o setor depende de estabilidade para contar com o consumidor que se previne.”

Ainda no fim de 2015, as operadoras de saúde já tinham registrado encolhimento em suas margens de lucro.

Neste ano, o quadro deve mudar, e as previsões para o setor são mais austeras.

“Se registrarmos um aumento de receita de 10% a 15%, já vai estar de ótimo tamanho, sobretudo se compararmos esse número às perspectivas de retração do PIB.”(Folha de S. Paulo)

 Na avaliação de Químicos de MG, RGS e RJ; crise política atrapalha o Brasil

Para o presidente da Ferquimfar (Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico do Rio de Janeiro), Isaac Wallace de Oliveira, o problema político precisa ser solucionado logo. “Não podemos continuar nesta conversa de manter ou retirar a presidente Dilma Rousseff (PT). Como é possível tentar um processo de impeachment de alguém eleito diretamente? Para complicar existe o problema jurídico do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, processado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Numa situação dessa qual empresário teria coragem de investir no Brasil?”, questionou.

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A presidente do Stiquifar de Uberaba, Maria das Graças Carriconde, também esteve presente ao seminário promovido pela Fequimfar

Este nó poderá ser desatado com a queda de juros na taxa Selic, incentivo à geração de mais empregos e à produção industrial. “Nosso problema é político. A grande mídia colocou medo no consumidor. Sem demanda, toda a cadeia produtiva é prejudicada”, disse. Opinião parecida tem o presidente da Femquifert-MG ( Federação Mineira dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Plásticas e Farmacêuticas de MG), Carlos Cassiano.

“Aumento do desemprego, queda nas vendas de veículos, pois as montadoras são grandes consumidoras de plástico, nos levam a crer num 2016 igual 2015”, disse. Mas Cassiano observa que o governo precisa incentivar o fomento produtivo, reduzir impostos e tentar controlar a inflação. “Essas três coisas ele não conseguiu fazer em 2015”, lembrou.

Larri: “O problema da nossa economia é político”

Outro problema grave, é o governo passar a tesoura nos gastos públicos e retirar da pauta o possível retorno da CPMF. “Hoje o trabalhador que continua na ativa  resolveu, por questão de sobrevivência, gastar o dinheiro em saúde, vestuário, educação e alimentação”, disse. É preocupante a crise, explica, porém não se trata de nenhum apocalipse econômico, pois existem segmentos que continuaram bem, caso do setor de cosméticos em Minas Gerais.

Cassiano: “Sem demanda, toda a cadeia produtiva é afetada”

O presidente da Fequimfars (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Rio de Grande do Sul), Larri dos Santos, reconhece que o setor do plástico foi muito prejudicado no Rio Grande do Sul, resultando em diversos acordos de banco de horas e propostas para diminuir salários e garantia de emprego.

“No Rio Grande do Sul, a cadeia do plástico é grande fornecedora de material para montadoras de automóveis, agronegócios e construção civil. Quando a crise atingiu esse segmento da economia, passamos a enfrentar problemas. Na opinião de Larri, é preciso ter trégua na briga política em Brasília, para o País voltar a crescer. “Do contrário 2016 será perdido como foi 2015”, afirmou.

O secretário-geral da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico), e presidente do Sintifar em Porto Alegre (RS), Orlando Salvadore, reforçou a opinião do presidente da Fequimfars, ao concordar que diversas indústrias do setor de transformação demitiram funcionários por causa da crise econômica. “Algumas delas nos procuraram propondo redução de salários”, finalizou.(LAA/Comunicação CNTQ)

 

 

 

 

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