Governo ajuda montadoras de automóveis e esquece de outros setores industriais
Luís Alberto Alves/Comunicação CNTQ

Até 20 de agosto, as montadoras no Brasil tinham demitido 9 mil pessoas e colocado 37 mil funcionários em férias coletivas ou lay-offs. Com estes números nas mãos, esse segmento obteve do governo R$ 3,1 bilhões, via Banco do Brasil, e R$ 5 bilhões através da Caixa Econômica. Ou seja, até o final de 2015 a indústria automobilística terá no cofre R$ 8,1 bilhões no formato de subsídio.
O presidente da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico) e do Sindiquímicos Guarulhos, Antonio Silvan Oliveira, não concorda com essa postura do governo. “Pela ótica deles, só as montadoras de automóveis estão enfrentando a crise. O setor químico e farmacêutico, por exemplo, estaria bem, sem demitir, dar férias coletivas, reduzindo a produção”, criticou.
Segundo Silvan, todo o segmento industrial brasileiro precisa receber ajuda financeira. “Com exceção dos bancos, o restante da economia está mal. Temos diversos trabalhadores do ramo químico demitidos, outra grande quantidade em férias. O Brasil não depende só de montadoras para sobreviver e gerar empregos”, afirmou.
Mesmo recebendo ajuda do governo, como ocorreu há poucos anos, quando os cofres públicos deixaram de arrecadar dessas empresas R$ 27 bilhões só com desoneração fiscal; na primeira brisa da crise, as montadoras passam a demitir, se esquecendo do pacto firmado de preservar empregos quando o país entrasse em situação difícil. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a indústria automobilística foi o setor que mais mandou embora funcionários em 2015.