Fabricação de etanol impulsiona geração de empregos no setor químico em março

Sérgio Luiz Leite - Presidente da Fequimfar
Sérgio Luiz Leite – Presidente da Fequimfar

*Sergio Luiz Leite, o Serginho

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) na última segunda-feira (25/04), a indústria da fabricação de etanol e biocombustíveis no Brasil promoveu a abertura de 3.807 postos de trabalho formais no mês de março. O estado de São Paulo possui papel decisivo neste saldo positivo de contratações, sendo responsável pela criação de 70% dos mencionados vínculos, o equivalente a 2.687 novos empregos formais no setor.

Historicamente o setor sucroalcooleiro apresenta um maior volume de contratações no primeiro semestre do ano em virtude do início da safra na região Centro-Sul estabelecida para o mês de abril, entretanto, o saldo positivo apresentado para o estado de São Paulo se mostrou surpreendente por ser 75% maior que o realizado em março de 2015, quando foram geradas 1.530 vagas. Contudo, a diferença entre o salário mensal de admissão e desligamento no setor em março foi de 23%, ou seja, a maioria dos trabalhadores admitidos substitui nas mesmas funções trabalhadores demitidos que recebiam melhores salários. A rotatividade na indústria sucroalcooleira permanece sendo utilizada como mecanismo de compressão da massa salarial pelos empregadores.

Na indústria química brasileira, além da fabricação de etanol e biocombustíveis, outros segmentos apresentam um saldo positivo quanto à geração de postos de trabalho no acumulado de janeiro a março de 2016, com destaque ao setor farmacêutico que gerou 983 novas vagas, bem como aos setores de químicos para fins industriais, fibras artificiais e sintéticas, brinquedos e reciclados plásticos, que mantiveram os níveis de emprego estáveis. Outros segmentos, entretanto, são atingidos mais diretamente pela desaceleração da atividade econômica no país, como por exemplo, a fabricação de tintas e vernizes e de materiais plásticos, impactados pela gravidade da crise na indústria automobilística e na construção civil.

A movimentação de trabalhadores neste início de ano na indústria sucroalcooleira indica uma continuidade do cenário amplamente positivo encontrado pelo setor na safra 2015/2016. A rígida estiagem que prejudicou a produção da safra 2014/2015 deu trégua no último ano, favorecendo a produção e o processamento da cana-de-açúcar em todo o país. Sob a ótica do consumo, com a retomada da CIDE nos preços da gasolina e do diesel, elevação do ICMS sobre a gasolina em diversos estados e aumento de etanol anidro na mistura do combustível fóssil, o consumo de etanol bateu recorde de vendas em 2015 (foram vendidos 17,9 milhões m³ de etanol hidratado, uma elevação de 37,5% em relação ao ano anterior).

O crescimento abrupto da demanda interna por etanol e, consequentemente, do preço, fez com que as usinas priorizassem a produção do biocombustível, o que gerou uma redução da oferta de açúcar no país. Sendo o Brasil o maior exportador de açúcar do mundo, responsável por metade do volume comercializado, os preços da commodity se elevaram consideravelmente, deixando os grandes produtores em uma posição ainda mais confortável. As usinas menores, por sua vez, que sofrem ao longo da última década com o processo de concentração produtiva e em diversos casos arrastam posições de endividamento, puderam se beneficiar internamente com o não repasse de preços dos postos distribuidores que buscaram preservar o mercado conquistado.

Por fim, não podemos nos esquecer dos crescentes ganhos com a venda do bagaço da cana e com a cogeração de energia elétrica, que ainda muito espaço tem para avançar no país. Este cenário complexo, mas notadamente positivo, proporciona novo ânimo à categoria de trabalhadores da indústria sucroalcooleira diante das negociações salariais que se aproximam com a data-base em 1º de maio. A categoria reivindica sua devida contrapartida pelo empenho dedicado ao crescimento do setor e pela lúcida compreensão de que não há caminho para superação da crise econômica brasileira distante da geração de emprego e renda.

*Sergio Luiz Leite, Serginho,
Presidente da Fequimfar e
1º Secretário da Força Sindical

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