Em Criciúma, trabalhadores da Canguru Embalagens paralisam produção

 

Se o adicional de periculosidade for retirado de seus salários, na próxima folha de pagamento ninguém vai trabalhar até o problema ser resolvido

Luís Alberto Alves/Comunicação CNTQ

Trabalhadores da empresa Canguru Embalagens decidiram que vão paralisar a produção caso o valor que recebem a título de adicional de periculosidade seja retirado de seus salários, na próxima folha de pagamentos. Além disto, determinaram que a diretoria do sindicato requeira judicialmente o “arresto” de todos os bens da empresa para ter garantia de quitação de seus direitos trabalhistas. As posições foram tomadas por unanimidade em duas assembleias realizadas nesta terça-feira (20), uma pela manhã e outra no início da noite.

A empresa, que tem cerca de 400 trabalhadores e produz rótulos e embalagens plásticas, conseguiu uma medida liminar na Justiça do Trabalho para deixar de pagar o adicional a trabalhadores de determinados setores de seu parque fabril e depositar os valores em juízo. “Fomos traídos pela diretoria da Canguru e não temos mais confiança nela, pois agiu de forma sorrateira, sem nos comunicar ou negociar sua intenção”, disse o presidente do sindicato da categoria, Carlos de Cordes, o Dé.

Em 2003 a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Plásticas, Químicas e Farmacêuticas de Criciúma e Região iniciou uma ação coletiva, representando todos os trabalhadores, cobrando o adicional de periculosidade em todo setor produtivo da Canguru Embalagens.

No ano passado o Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, encerrou o processo, percorridos todos os recursos e prazos, ou seja, 12 anos depois. Autorizada pelos trabalhadores em assembleias, a diretoria do sindicato negociou com a implantação do direito, o que ocorreu a partir deste ano, quando todos passaram a perceber mais 30% sobre seus salários.

Ao mesmo tempo, desde então, se negocia a contratação de um perito para calcular quanto cada trabalhador da Canguru tem direito a periculosidade desde 1998, cinco anos antes do início da ação coletiva. Todos que estão ou estiveram trabalhando na empresa, têm o direito aos atrasados. No total, ao final dos cálculos, esta tende a ser uma das maiores ações trabalhistas de Criciúma.

Desde o ano passado a empresa iniciou um processo para isolar setores da sua produção que geram os efeitos da periculosidade e em julho, com o laudo de um engenheiro de segurança contratado por ela, requereu o fim do adicional para setores isolados. “Levamos 12 anos para conseguir garantir o direito, agora, em 12 dias eles conseguem uma liminar para deixar de pagar”, lamenta o advogado Gilvan Francisco, que representa o sindicato nesta ação coletiva.

Diante do impasse  e da notificação da expedição da liminar que chegou ao sindicato profissional foram convocadas assembleias para que os trabalhadores se posicionassem, o que ocorreu nesta terça-feira. Por unanimidade nos dois encontros ficou decidido pela paralisação da produção caso a periculosidade deixe de ser paga e o início do processo de “arresto” dos bens da empresa.

 

 

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