Parte do dinheiro das propinas pode estar saindo de recursos básicos para prestar serviços aos trabalhadores
“Refis Previdenciário para parcelamento de débitos de municípios, Estados e Distrito Federal
ao INSS não pode ser moeda de troca e nem negociata contra a desconstituição de direitos”,
reiterou Cortez
Troad Assessoria & Comunicação
O Diário Oficial da União – DOU, de 17 de maio, trouxe a Medida Provisória 778/2017, que cria
o chamado Refis Previdenciário para parcelamento de débitos de municípios, Estados e
Distrito Federal ao INSS. Segundo expectativa do governo, a edição da medida deve ampliar o
apoio, principalmente de prefeitos, à aprovação da Reforma da Previdência.
A MP foi assinada na terça-feira, 16 de maio, pelo presidente Michel Temer durante a Marcha
dos Prefeitos a Brasília. Juntos, os entes federativos têm uma dívida aproximada de R$ 90
bilhões com o INSS, dos quais R$ 75 bilhões das prefeituras e R$ 15 bilhões dos governos
estaduais.
De acordo com o texto, os interessados poderão aderir ao Refis Previdenciário até 31 de julho
de 2017. A MP prevê o pagamento de uma entrada de 2,4% do total da dívida em até seis
parcelas iguais, que deverão ser quitadas em dinheiro entre julho e dezembro deste ano. A
partir de janeiro de 2018, o parcelamento poderá ser feito em até 194 vezes.
“O movimento sindical, além de contrário as propostas da reforma, que chamamos de
demolição e de desconstituição e direitos, rechaça qualquer tipo de acordo em detrimento a
classe trabalhadora deste país. Inconcebível admitir que o governo encontre apoio das
prefeituras e estados para destituir direitos dos trabalhadores e de milhares de pessoas que
trabalharam a vida toda, contribuíram e na hora de usufruir do benefício, encontra-se
desamparado. Caso aprovada, a nova previdência impactará negativamente na remuneração
e qualidade de vida, assim como diminuirá o poder de compra”, ressalta Antônio Cortez Morais,
secretário-geral do Sindiquímicos, representante da Força Sindical no Conselho Nacional de
Previdência Social – CNPS e secretário de Assuntos Previdenciários da Força Sindical/SP e da
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico – CNTQ.
500 maiores devedores previdenciários comprometem os serviços básicos ofertados a
população – A JBS, maior processadora de carne do mundo, dono de marcas como Friboi, e
centro das denúncias contra o presidente Michel Temer, é investigada em diversas operações
da Polícia Federal nos últimos meses. Segundo informações, a empresa, que na lista dos 500
maiores devedores previdenciários, aparece em 2º lugar com uma dívida de R$
2.378.212.794,30, recebeu R$ 8,1 bilhões do BNDES.
Na lista divulgada pela Procuradoria-geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-geral adjunta de
Gestão da Dívida Ativa da União e coordenação-geral de grandes devedores, entre os 500
maiores devedores previdenciários, estão instituições financeiras, universidades, hospitais,
prefeituras, inclusive a de Guarulhos, estados, entre outros.
“Com tanto dinheiro sendo mal empregado e gerido, parte do dinheiro destinado a propinas
pode estar saindo dos serviços básicos e de atendimentos aos trabalhadores, e o pior, não há
sinalização de que estas dívidas com a previdência serão cobradas, ou seja, mais uma vez, o
trabalhador paga uma conta que não é dele e ainda é penalizado em seus direitos”, reitera
Cortez.