Diap alerta movimento sindical a respeito do atual Congresso Nacional conservador

DSC_0583O ponto alto da palestra do jornalista e cientista político Marcos Verlaine, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Política), na 1ᵃ Plenária Regional Sul do Ramo Químico, foi de alertar o movimento sindical a respeito dos diversos Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional. “O atual Congresso Nacional é muito conservador, desde 1979. Mais grave do que não ter dinheiro, é a falta de liderança. Por falta de recursos neste momento precisamos usar a criatividade, termos novas ideias”, sugeriu.

Ele reforçou o que a maioria dos economistas já sabem a respeito do espaço ocupado no Legislativo federal. “Os bancos continuam ganhando bastante dinheiro, apesar da crise econômica. Infelizmente foi criado um vácuo, agora ocupado pelos conservadores”, lamentou. O problema do sindicalista não é falta de dinheiro, mas de clareza política. “É preciso saber como controlar essa questão”, salientou.

Verlaine explicou que a mídia contribui para a população discriminar os sindicalistas. “Nesta hora é preciso ter tempo para discutir questões importantes. Por causa de 26 votos permitimos a aprovação do PL 4330/2014. Faltou mais articulação, algo que o empresariado não cansou de fazer, inclusive com publicidade na televisão”, disse.

DSC_0540Na avaliação de Verlaine, o remédio para enfrentar o quadro recessivo, é continuar lutando para manter o poder de compra dos trabalhadores, recuperando as perdas e melhorando as cláusulas sociais. “Nunca podemos esquecer de que o desemprego prejudica o movimento sindical. Dai o cuidado nas negociações, como alguém preparado para a guerra”, afirmou.

Existe concordância, explica ele, no quesito crise, porém só atingindo os brasileiros ganhadores de baixos salários. “Esse debate ficou ausente na conversa entre dirigentes sindicais. Nunca devemos nos esquecer de que lucro baixo significa demissões e que bancos ganham dinheiro sem gerar emprego”, ressaltou.

Segundo o cientista político do Diap, o Brasil continua ainda inserido na velha questão cultural de aceitar tudo pacificamente, recusando virar a mesa num momento de luta pela preservação dos seus direitos. “Infelizmente no Congresso Nacional, o movimento sindical não se opõe ao quadro conservador atual, representado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Quando se pega a equação crise+emprego+dinheiro, enfatiza Verlaine, o governo Dilma faz ao contrário com as atuais medidas, impondo fortes desafios aos sindicalistas. “Outros setores da sociedade quando chegam ao Congresso Nacional passam a lutar por canais de televisão para alcançar mais pessoas. O movimento sindical não aplica essa regra, perdendo espaço ao conservadorismo”, alertou.

DSC_0531Ele também aconselhou os sindicalistas a jogar por terra a discriminação quando o assunto é política. “É preciso manter unidade e foco político, mesmo na divergência. É um erro se preocupar apenas com a economia, deixando em segundo plano a política”, frisou.

Quanto à cobrança junto aos parlamentares, sugeriu que é preciso bater panelas na porta das residências dos deputados. “Eles votam em Brasília, mas moram nos Estados onde a população os elegeram, sem deixar de lutar pelo salário mínimo como referência de piso nas negociações”, enfatizou.

Outro detalhe importante, na opinião de Verlaine, é a questão de gênero. “No Congresso Nacional inexiste agenda para as mulheres do movimento sindical. Também alerto vocês quanto ao PLS 432/2013. Em vez de a elite empresarial aprovar o trabalho escravo, propuseram negociar a escravidão por meio dessa lei”, disse.

Na atual conjuntura, ele destaca que demissão imotivada é mais importante do que redução de jornada. “Ou o sindicalismo brasileiro vai à luta ou ajuda os conservadores a passarem por cima do processo econômico, que tanto prejudica o trabalhador”, afirmou.

Citou também o PLS 91/10 que trata da desaposentadoria, não deixou de fora o PLS 1.829/13, que fala da certidão negativa de utilização ilegal do trabalho da criança e adolescente. “Outro item importante é o PL 4.597/12, versando sobre o fim do banco de horas. Tem o PL 6.706/09 que fala a respeito da estabilidade do dirigente sindical. Precisamos proteger quem luta pelos direitos da categoria”, disse.

DSC_0575Verlaine lembrou que na lógica do capital, a busca pelo lucro passa por projetos de leis, na maioria das vezes prejudiciais aos trabalhadores. “É o caso do PL 1.483/11, tratando da substituição da CLT por questões de velhice. Ninguém joga fora sua mãe quando ela fica velha”, explicou.

Ele fechou sua exposição aconselhando os representantes do movimento sindical a garantir direitos no Congresso Nacional, atualmente dominado pelo empresariado. “Ou elegemos nossos representantes ou não faremos disputas , porque quando as forças não se equivalem, deixa de existir luta. Precisamos continuar sendo celeiro de boas ideias. Fazemos isso ao entender a conjuntural atual”, finalizou. (Luís Alberto Alves/ comunicação CNTQ)

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